No dia 12/03 a Internet fez oficialmente 30 anos
Apesar dos progressos, ainda há muito a ser feito: é preciso incluir quem ainda não está online, garantir que as mulheres se tornem cada vez mais parte da população digital e combater as fake news.
O que começou como uma ferramenta facilitar o acesso a documentos — quando Tim Berners-Lee a inventou em 1989, como um projeto da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) —, hoje é a principal interface para conectar as pessoas com a internet.
Adoção de padrões foi fundamental
Um dos momentos mais significativos da web ocorreu no fim dos anos 1990, quando havia uma verdadeira guerra entre os navegadores. À época, os mais populares eram o Explorer e o Netscape, mas não havia um padrão de desenvolvimento. “Alguns elementos não funcionavam em todos os browsers. Isso só foi resolvido com a adoção do HTML5: apesar de estar em teste desde 2010, a recomendação de uso pelo W3C veio apenas em 2014. A partir disso, os desenvolvedores passaram a trabalhar com base nesse padrão, não para atender a este ou àquele navegador”, lembra Ferraz.
O YouTube, por exemplo, é uma das grandes empresas que só começou a usar HTML5 depois que ele se tornou uma recomendação do W3C. Antes disso, a plataforma usava o Adobe Flash para garantir a reprodução de seus vídeos. “Em geral, as companhias esperam que o padrão se torne estável para adotá-lo.”
No Brasil, uma das maiores preocupações é com a acessibilidade na web. “Desde 1998, quando foi editada a primeira documentação oficial no país, desenvolvedores, gestores e tomadores de decisão se preocupam muito com isso”, conta Ferraz. “Isso porque, a depender de como é feito o desenvolvimento, ele pode ser uma barreira para as pessoas com deficiência. Por isso, a W3C Brasil reforça bastante esse aspecto.”
Ainda há muito a ser feito
Apesar de toda a evolução nesses 30 anos, apenas 50% da população do mundo tem acesso à web atualmente. Pior: há quem nem sequer a conheça. “Muitos não só não experimentaram a web, como nunca ouviram falar dela”, conta Sonia Jorge, diretora-executiva da Alliance for Affordable Internet (A4AI).
A A4AI trabalha para baixar o preço do acesso à internet em países em que a renda é baixa ou média, por meio de políticas públicas e reformas regulatórias. Sonia conta que a América Latina — e, notadamente, o Brasil — estão à frente de países da África e da Ásia quando o assunto é a universalização do acesso. “Apesar de ter havido progresso, ainda há muito a fazer para dinamizar as possibilidades trazidas pela web”, lembra ela. “É essencial que ela chegue a todos os ambientes, não só às áreas urbanas.”
Sonia conta que, em alguns países (como Nigéria, Moçambique e Bangladesh), 30% a 40% da população nunca tiveram qualquer contato com a tecnologia da web. “Todo o tipo de informação que experimentamos está online”, comenta. “Quem não tem acesso à web perde oportunidades, porque não pode se informar sobre seus direitos. Essa marginalização atinge mais fortemente as mulheres, os pobres e a população rural.”